quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Informação em tempo de Internet

Em “Informação em tempo de Internet” é a discussão proposta pela segunda edição da Revista GRUPPEM. Para embasar a discussão, realizamos uma entrevista com o professor Robson Bastos, que abordou temas polêmicos ligados à veiculação de notícias, como confiabilidade e relação entre informações locais e regionais. Realizamos duas matérias com enfoque no tema proposto para debate pela Revista de outubro, uma aborda o “Jornalismo copia e cola”, antecessor do gillette press, e a outra “As vantagens e desvantagens dos portais de informação”, muito utilizados nos dias de hoje. A partir dessa edição, a Revista GRUPPEM conta com uma nova seção, a nossa Central de PodCast, que disponibiliza os áudios das entrevistas concedidas para nossa equipe. Boa Leitura!
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Entrevista


O professor Doutor Robson Bastos da Silva é Doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1996), Mestre em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo (1990) e Graduado em Comunicação Social pela Universidade Católica de Santos (1983). Atualmente é professor assistente-doutor da Universidade de Taubaté, no Departamento de Comunicação Social e docente do Mestrado em Lingüística Aplicada e coordenador do curso de Jornalismo e dos Trabalhos de Conclusão de curso da Universidade Santa Cecilia (UNISANTA-Santos). Tem experiência na Graduação na área de Jornalismo impresso e digital. Na pós-graduação atua na área de Lingüística, com ênfase em Lingüística Aplicada, atuando principalmente nos seguintes temas:linguagem da mídia digital, jornalismo, comunicação e análise do discuso.

Pedro Almeida


GRUPPEM - A informação na internet é aliada ao jornalista?

Professor Robson - Ela é aliada. A informação está lá para qualquer pessoa. No caso do jornalista, ela deve ser uma grande aliada porque ele é o profissional que trabalha com a informação. Hoje, cada vez mais, a gente sente, e talvez seja até o papel da faculdade de mostrar para as novas gerações que o jornalista atual e o do futuro serão o profissional que saberá lidar com a informação. Por exemplo, até o século passado para traz, havia uma carência de informação, tanto que, o jornalismo trabalhava com opinião. Hoje, é o contrário, existe uma demanda enorme de informações e a pergunta é o que vou fazer com isso? Nesse momento, cabe ao jornalista e ao futuro jornalista filtrar e pensar no seu público-alvo. Se o público alvo são os estudantes, terei de ler material para estudantes e filtrar para eles. Do mesmo modo, se o público-alvo for a terceira idade, adolescentes, mulheres ou se é genérico. O jornalista tem de ter uma formação adequada, tanto profissionalmente como academicamente, porque a informação pode ser perigosa se ele não souber utilizar.


GRUPPEM - O que se pode aplicar da teoria do jornalismo na informação nos meios eletrônicos?

Professor Robson - Como o próprio nome diz, a teoria do jornalismo são procedimentos metodológicos para que o jornalista compreenda, por exemplo, o porquê naquele determinado momento só se fala sobre alguns assuntos. Como em época de Copa do Mundo, Olimpíadas ou de eleições. O jornalista tem que compreender que aquelas informações, às vezes, podem ter um viés ideológico. Tanto a teoria do jornalismo como a teoria da comunicação servem para que ele, o jornalista, na sua formação compreenda se aquela matéria é de um site de confiança ou se está ligada a algum órgão de imprensa, ao governo ou a um partido político. Então, ele vai compreender, lendo no lead ou observando nas fotos, essa questão teórica. Para o jornalista, serve para utilizar na prática, no dia-a-dia.


GRUPPEM - Quais os cuidados devem ser tomados para checar uma informação por meio eletrônico?

Professor Robson - A credibilidade da fonte. Por exemplo, se o site for de uma mídia tradicional, então um Estadão, Folha de São Paulo, Globo, você já vê que não é uma notícia qualquer. Diferente, às vezes, de um blog de uma pessoa que é independente e que não tenha credibilidade ou muito pior, não tem compromisso com a verdade. Não é porque está na internet que se pode achar que é verdade, qualquer pessoa pode colocar qualquer coisa na internet. O conselho dado ao jornalista é para que cheque a veracidade ou de onde procede aquela informação. Quanto maior o meio, mais tradicional a mídia no mundo real, mais credibilidade terá no mundo virtual também.


GRUPPEM - Todas essas características garantem se uma noticia é confiável?

Professor Robson - Aumentam a credibilidade, mas não quer dizer que daqui a um minuto aquela matéria não mude também, mas elas dão mais garantia que aquela informação procede. O ideal é não ficar somente em uma fonte já que existem dezenas de fontes, inclusive as internacionais, dependendo da editoria.


GRUPPEM - Qual a vantagem e a desvantagem para o leitor acessar uma informação pela internet?

Professor Robson - O leitor costuma confiar no que ele lê. A desvantagem seria ele confiar em uma fonte que não seja fidedigna. Cabe ao jornalista, por exemplo, quando sabe que escreveu uma coisa errada pensar “vou tirar e colocar daqui a pouco” , para o jornalista pode ser muito cômodo, mas para o leitor não é, porque você pode causar um dano àquele leitor , principalmente, se você for tratar temas complexos como saúde, econômica. O leitor tradicional deve também checar a informação em vários meios, dois, três sites por dia. As pesquisas demonstram que o leitor normalmente só vê a primeira página, se interessar ele acessa, mas normalmente ela vai clicando em vários links e vai lendo. Já a vantagem para o leitor é ter uma fonte rápida e fidedigna e que tenha uma informação com conteúdo.


GRUPPEM - Na questão da produção, como valorizar uma informação local e uma informação global na elaboração de uma matéria?

Professor Robson - Depende do público-alvo e do veículo que o jornalista trabalha. Se o veículo tratar de temas regionais, o foco deve ser em grande parte regional, mas nada impede que faça algo mundial. Por outro lado, se o público apenas utilizar a informação local, ele deve priorizar os assuntos próximos ao do público. Então, isso vai depender da pauta, do veículo e, às vezes, ele pode até mesclar uma coisa com outra, dependendo do público ou do contexto que esta colocando.


GRUPPEM - Qual a diferença da linguagem de informação na internet para os outros meios de comunicação?

Professor Robson - Não existe diferença no conteúdo, a diferença é a abordagem que será dada. Na internet, a matéria deve ser muito mais concisa e até mesmo parecida com o rádio, como no emprego de textos menores. Você deve pensar que o seu leitor não quer ler durante muito tempo, então na chamada da primeira página tem que ser uma coisa agradável e esteticamente bonita também. Agora, o jornalista pode usar dos links, essa criatividade e liberdade da internet. Utilizar um link de áudio, de foto, para texto ou para outra matéria ou para outro site. Pode ser criado algo interminável se você tiver informação. Basicamente a diferença é do uso multimidiático, ou seja, quando eu leio um livro eu apenas leio, se estou escutando um rádio eu apenas ouço, na TV eu tenho audiovisual, enquanto na internet, eu consigo dar ao leitor mais informação e nessa o jornalista tem que ser competente para trabalhar com várias técnicas e tem que ser uma pessoa bem informada para que tenha pesquisado e veja que existem outras formas de transmitir a informação.


GRUPPEM - Qual o futuro da informação na internet?

Professor Robson - O futuro da informação é a credibilidade. A mídia que tiver credibilidade irá permanecer. Entre os sites, vão ficar aqueles que derem um retorno que interessa ao público. Para ter credibilidade, o profissional tem que ser bom, competente, não pode somente depender da internet. O jornalista deve sair e passar ao leitor o máximo de informações possível da realidade que está abordando. Nesse momento, entra uma diferença entre a mídia tradicional e a mídia de internet. A mídia tradicional sempre tinha um fechamento. Na internet, você não tem horário, você tem 24 horas, não existe mais periodicidade, isso por causa do fluxo de informação.


GRUPPEM - O que esperar da atuação do profissional de jornalismo em tempos de internet?

Professor Robson - O profissional deve usar a internet de uma forma inteligente. Ele não pode ser viciado em internet porque o mundo não está na internet, mas a internet que está no mundo. Nem todos os livros, jornais que existiram estão lá na internet. Quem quer ser um bom pesquisador ou um bom jornalista deve entender que a internet é uma grande ferramenta, mas não dá conta de tudo. O jornalista precisa ir além da internet, ela apenas é uma aliada, mas não deve ser a única.

Ouça na central de PodCast









Editorial

Chegamos à segunda edição Revista GRUPPEM. Abordamos o tema “Informação em tempo de Internet”, com o intuito de promover discussões sobre a utilização da Internet na divulgação de notícias, e implantamos a área de PodCast do nosso site, permitindo que você ouça os áudios da entrevista e das sonoras realizadas com as fontes, que serviram de base para a elaboração das duas matérias.

A edição de outubro, trata de assuntos relacionados à confiabilidade dos portais de informação, a checagem de notícias, a relação entre o interesse por acontecimentos locais e mundiais, a utilização cada vez mais freqüente do ato de copiar e colar e o papel do profissional de comunicação nos dias de hoje e em um futuro próximo.

Para aprofundar a discussão, realizamos uma entrevista com o professor Doutor Robson Bastos da Silva, que ressaltou a importância da ética profissional e do bom senso para a elaboração de conteúdos com credibilidade.

A ação de copiar e colar, também tem grande destaque nesta edição de outubro. A prática, já antiga, de reproduzir conteúdos de outros veículos surgiu, no Brasil, com a transmissão do primeiro programa jornalístico veiculado pelas ondas do rádio, como afirma Maria Beatriz Roquette Pinto Bojunga, filha de Roquette Pinto, pioneiro na prática do gillette press no país. Essa técnica ganhou nova roupagem com o advento da Internet e gera muita discussão. Nessa edição, contamos um pouco de como surgiu essa técnica e como é utilizada nos dias de hoje.Os portais de informação ganham força a cada dia, por isso, apuramos, na publicação deste mês, quais as vantagens e desvantagens que oferecem ao web-leitor.

“Rádios comunitárias: um exercício de cidadania” será o tema discutido na próxima edição da Revista GRUPPEM. Esperamos a participação de vocês para trocarmos experiências e socializarmos o conhecimento.

Equipe GRUPPEM

Nessa Edição

Ne“Informação em tempo de Internet” é a discussão proposta pela segunda edição da Revista GRUPPEM. Para embasar a discussão, realizamos uma entrevista com o professor Robson Bastos, que abordou temas polêmicos ligados à veiculação de notícias, como confiabilidade e relação entre informações locais e regionais.
Realizamos duas matérias com enfoque no tema proposto para debate pela Revista de outubro, uma aborda o “Jornalismo copia e cola”, antecessor do gillette press, e a outra “As vantagens e desvantagens dos portais de informação”, muito utilizados nos dias de hoje.
A partir dessa edição, a Revista GRUPPEM conta com uma nova seção, a nossa Central de PodCast, que disponibiliza os áudios das entrevistas concedidas para nossa equipe.
Boa Leitura!

Vantagens e desvantagens dos portais de informação

Jornalismo significa apurar, escrever, editar e publicar. Com a internet, todos esses itens se transformaram e se tornaram mais rápidos e acessíveis, atingindo um número maior de pessoas.

Podcast: Dr. Robson Bastos da Silva

Entrevista com o professor Dr. Robson Bastos da Silva, que abordou temas polêmicos ligados à veiculação de notícias, como confiabilidade e relação entre informações locais e regionais.

O costume, a falta de tempo e a preguiça que contribuem para o “milagre das notícias idênticas”

Não é de hoje que veículos de comunicação absorvem conteúdos de outros lugares. O termo “copiar e colar”, conhecido entre os amantes da informática, faz referência ao conhecido gillette press, adotado durante muitos anos por emissoras de rádio.