Não é de hoje que veículos de comunicação absorvem conteúdos de outros lugares. O termo “copiar e colar”, conhecido entre os amantes da informática, faz referência ao conhecido gillette press, adotado durante muitos anos por emissoras de rádio.
Com o advento da internet, deixou de ser prático recortar as notícias dos veículos impressos que serão divulgadas no radiojornal e tornou-se mais fácil absorver uma informação, ou parte dela, de algum endereço da web.
Com o advento da internet, deixou de ser prático recortar as notícias dos veículos impressos que serão divulgadas no radiojornal e tornou-se mais fácil absorver uma informação, ou parte dela, de algum endereço da web.
A prática desse tipo de jornalismo é bem antiga. Quando surgiram as primeiras emissoras de rádio no Brasil. "Ele fazia o Jornal da Manhã de uma maneira muito original. Ele pegava todos os jornais, com um lápis grande. Ele sempre andava com um lápis vermelho na mão. E ele apanhava o jornal e riscava todas as notícias que achava interessantes para o rádio. Depois que estava com os jornais todos riscados, ele tinha um telefone direto para a Rádio Sociedade. Então, ele mandava o João Nabi Júnior, que era o técnico, ele dizia pode por a estação no ar. E então ele mesmo falava sobre cada assunto", recorda Maria Beatriz Roquette Pinto Bojunga, filha de Roquette Pinto, pioneiro do rádio no Brasil e precursor do gillette press, em depoimento ao livro "Histórias que o rádio não contou", de Reynaldo Tavares.
Até pouco tempo atrás, alguns programas jornalísticos veiculados pelas ondas do rádio eram elaborados com base nas notícias recortadas de veículos impressos, principalmente dos jornais diários. Como, na maioria das vezes, a lâmina de barbear era o objeto utilizado para cortar as notícias, essa atividade recebeu o nome de gillette press.
Há algum tempo, a internet facilitou esse tipo de ação. Com a facilidade surgiu também a falta de controle do conteúdo divulgado, porque é muito difícil provar a autoria de algo publicado na web, principalmente textos. Ao tornar público todo conteúdo disponibilizado na internet, ficou mais difícil encontrar os plagiadores.
Fazer uso de um arquivo, seja ele um texto, um áudio, uma imagem ou um vídeo, sem a prévia autorização do autor, é ilegal e pode acarretar sérios problemas com a justiça.
A credibilidade de um veículo, seja ele impresso, televisivo, radiofônico ou on-line, depende da veracidade das informações que são transmitidas. Por isso, é essencial que haja uma checagem rigorosa das informações copiadas da internet e dos releases, que chegam por meio das assessorias de imprensa.
“A agência recebe muitos releases todos os dias, e essa informação deve ser checada, nós temos um nome a zelar e não podemos informar uma notícia que não sabemos se é real ou não”, esclarece José Caetano, editor chefe da Agência Zenit.
Para Caetano, a preguiça é um dos fatores que contribui para que o número de cópias aumente, pois algumas pessoas acreditam que é mais fácil copiar e colar a notícia pronta, ou quase pronta, do que sair atrás de fontes para construir uma matéria.
Outro fator que implica a utilização das inúmeras páginas contendo o mesmo conteúdo é a falta de tempo para a apuração. Algumas empresas acreditam que a quantidade valha mais que a qualidade do conteúdo disponibilizado, o que provoca falhas na coleta de dados, que muitas vezes não são encontrados em fontes confiáveis e acabam clonados do primeiro endereço que o site de busca oferece sobre o assunto.
Camila Tchmola
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