segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Editorial

“Rádios comunitárias: um exercício de cidadania?” é o tema da Revista GRUPPEM desse mês de novembro. Entrevistamos seu Gilberto Rodrigues da Silva, diretor da Rádio Comunitária Liberdade FM de Taubaté-SP. Ele nos conta a história, as perspectivas e dificuldades de se manter uma rádio comunitária.

Nas matérias “Rádios Comunitárias: o que são e para quem são” e “Legislação para rádio comunitária” são abordadas as principais características desse tipo de emissora.

Nessa edição você poderá conferir duas pesquisas: “A linguagem na rádio comunitária e sua real interação com o ouvinte” e “Atuação da rádios comunitárias no Vale do Paraíba” que foram apresentadas no ‘Encontro de Iniciação Científica do Departamento de Comunicação Social’, da Universidade de Taubaté, entre os dias 4 e 5 de novembro e também uma matéria especial sobre o 3º Encontro de Rádio que aconteceu no dia 08 de novembro Departamento de Comunicação Social da Universidade de Taubaté.

3º Encontro de Rádio

O 3º encontro de rádio com o tema “A informação em Tempos de Internet” aconteceu no último sábado (08/11) e contou com a presença de alunos e professores do GRUPPEM.
A mesa de discussões teve como convidados os jornalistas Claudio Nicolini,da Rede Bandeirantes Vale do Paraíba, Flávia Giovana, da Rádio e TV Metropolitana de Taubaté, Sidney Barbosa, da Rádio Cacique-Jovem Pan e José Caetano editor chefe da Agência Zenit (portal internacional online de notícias do Vaticano) e foi mediada pela professora Adriana Rodrigues.
O evento teve início com a apresentação de dois trabalhos de iniciação científica produzidos por alunos ligados ao GRUPPEM, sobre rádios comunitárias. Após foi apresentada uma pesquisa coordenada pela Profª Drª Monica Franchi Carniello e realizada por alunos do primeiro ano de jornalismo que demonstrou “A percepção dos profissionais de comunicação do Vale do Paraíba sobre as mudanças na profissão decorrentes da digitalização das mídias”.
O 3º encontro de rádio abordou assuntos que despertaram nos alunos a curiosidade em saber como os profissionais de rádio da região trabalham a questão da identificação da fonte e o uso correto das informações contidas em portais e a atuação do repórter tanto na rua como na redação como salientou o jornalista da Rádio Cacique-Jovem Pan Sidney Barbosa “tem muita gente com a barriga encostada atrás da mesa agora, puxando o que interessa pra ele da internet, isso faz com que a profissão de jornalista deixe de ser o que é esperado”. Para a jornalista Flávia Giovana, da Rádio e TV Metropolitana, esse tipo de encontro entre alunos e profissionais é extremamente positivo “A informação no rádio está crescendo, então a internet hoje é uma grande aliada, mas é preciso usar isso como algo que vá fazer bem para o rádio e que não vá banalizar a informação. Uma palestra como essa devia ser feita outras vezes”.

Fernanda Rocha

Confira as entrevistas com os convidados a respeito do evento:

Entrevista

Entrevista com Flavia Giovana, coordenadora de jornalismo da Rádio e TV Metropolitana de Taubaté


A informação no rádio está crescendo, então a internet hoje é uma grande aliada, mas é preciso usar isso como algo que vá fazer bem para o rádio e que não vá banalizar a informação. Uma palestra como essa devia ser feita outras vezes [...]
[Sobre o tema da palestra]

A rádio tem ouvintes fiéis [...] Por que quem gosta de rádio gosta, quem não gosta ouve apenas para se informar [...]Há variações, mas migração total não.
[Sobre o rádio na internet]

[...] juntar jornalistas capazes de fazer esse blog, isso sim deveria conhecer, e não poderia ser vinculado para ter as características dele e crescer como um veículo a parte [Sobre a criação de um blog de noticias]

A internet só dá o meio de você criar uma pauta e levantar um assunto, não de elaborar uma noticia ou uma entrevista e colocar no ar.
[Sobre elaboração de pautas somente na internet]

Que vocês leiam mais, assistam mais jornal [...]você tem que buscar e o conhecimento é que dá base pra isso, para que não coloquemos noticias constrangedoras no ar. [Mensagens aos alunos de jornalismo]


Revista GRUPPEM - O que você achou do tema da palestra?

Flavia Giovana - Eu acho que por ser discutido na faculdade é importante, pois fala do futuro do rádio na internet, principalmente aqui é importante discutir com os alunos. A ética na profissão a credibilidade que nós damos para a nossa fonte. A informação no rádio está crescendo, então a internet hoje é uma grande aliada, mas é preciso usar isso como algo que vá fazer bem para o rádio e que não vá banalizar a informação. Uma palestra como essa devia ser feita outras vezes, como o Sidney havia falado, mesmo com o pouco numero de alunos, essas palestras deviam ser mais freqüentes pois agregam conhecimentos tanto para o aluno quanto para o profissional.

Revista GRUPPEM - O que você espera ter contribuído para os alunos nessa palestra?

Flavia Giovana - Eu trabalho com muito estagiário lá na Metropolitana, esses encontros são muito importantes, deveriam ter mais vezes. A maior dificuldade é fazer com que o estagiário saiba lidar com a dificuldade do dia a dia, a gente aprende as coisas mesmo na rua. Essa discussão, essa contribuição contando como é a nossa carreira, de como funciona uma redação de jornal impresso, de rádio, isso é uma contribuição muito grande, mostra para o aluno que ele tem que buscar a informação. Essa formação a universidade não dá e somos nós que temos que passa-las, saber o que está acontecendo no mundo, nem na cidade, pois o radio esta ficando muito regional, é preciso o aluno saber da sua cidade. Como funciona uma Câmara, uma Prefeitura, então toda a experiência que a gente pode passar pra vocês, é importante ficar atento nisso, ficar ligado no que está acontecendo no Brasil, na sua cidade. Um encontro como esse serve para que o aluno vá atrás das informações aqui discutidas. A dificuldade do estagiário é saber o que funciona na cidade dele, o que é um departamento de prefeitura, etc. Saber o que acontece numa redação por que é diferente, pois é aí que voce vê a dificuldade do estagiário, de formular uma pergunta, de achar a pauta. Espero que a gente tenha contribuído para que vocês se esforcem cada vez mais, tanto na vida acadêmica quanto na vida profissional.

Revista GRUPPEM - Com o advento da internet, você acha que o ouvinte da radio migrou para a internet?

Flavia Giovana - A rádio tem ouvintes fiéis, a programação é diferente, existe rádio jovem, rádio sertaneja, popular, o ouvinte é fiel. Mas existe aquele ouvinte que liga o rádio, como foi aqui discutido, que liga o rádio pra saber noticia da estrada, do tempo. Então a importância de você ter um planejamento pra conquistar o seu ouvinte. Creio que o ouvinte não brigou, por que a internet é uma aliada, ela é um complemento, por que o radio você leva pra onde você quiser. Por que quem gosta de rádio gosta, quem não gosta ouve apenas para se informar. Isso reflete no caso da internet acabar com o jornal impresso. Há variações, mas migração total não.

Revista GRUPPEM - O jornalista Claudio Nicolini falou que se tivesse dinheiro, faria um blog de noticias. Atualmente o Vnews é o único blog de noticias aqui, você acha que seria possível os veículos do Vale se unissem para criar um blog de noticias?

Flavia Giovana - Isso seria muito complicado, pois os veículos competem pela busca do furo, busca da informação, muita gente segura a informação. Isso não seria possível, pois é preciso uma equipe especifica. A junção seria impossível por causa da competição entre as emissoras, unir as mídias do Vale nisso eu não creio. Mas juntar jornalistas capazes de fazer esse blog, isso sim deveria conhecer, e não poderia ser vinculado para ter as características dele e crescer como um veículo a parte.

Revista GRUPPEM - Você acha que a formação acadêmica prepara o estudante para usar a internet como fonte?


Flavia Giovana - A faculdade dá uma base sim, é o que eu coloquei, a faculdade passa à ética e o estudante tem que tomar o cuidado de buscar a informação e dar a credibilidade pra fonte. É o caráter e a ética do profissional que vai definir isso.

Revista GRUPPEM - O jornalista se acomodou em elaborar pautas com o advento da internet?
Flavia Giovana - Na minha opinião, isso acontece mais nas redações de jornal impresso. Rádio e TV ainda são um meio da gente levantar algumas pautas, mas na hora de você colocar informação pro ouvinte, é preciso ir pra rua. A internet só dá o meio de você criar uma pauta e levantar um assunto, não de elaborar uma noticia ou uma entrevista e colocar no ar. Ela dá apenas a idéia. Rádio e TV precisam de voz diferente de jornal impresso, dessa forma é preciso ir pra rua. Hoje é preciso falar de tudo, a Metropolitana está em Taubaté, mas ela fala do Vale todo, o numero de informação aumentou, dessa forma é preciso escolher, algumas nós apuramos por telefone e outras é preciso ir pra rua. Acredito que não seja preguiça mas pelo acumulo de informação.

Revista GRUPPEM - O que você deseja e espera para os alunos que estão no curso de jornalismo?

Flavia Giovana - Que vocês leiam mais, assistam mais jornal. O que eu encontro na Metropolitana é falta de informação do estagiário do que acontece na sua cidade, são coisas que eles não buscam; como funciona uma partida de futebol, como que funciona uma Câmara Municipal, como que funciona uma Prefeitura. Não conhece nada da cidade, qual bairro é precário qual bairro que não é. E hoje a noticia esta cada vez mais regional e o aluno não deve ficar só na região, mas no Brasil também, saber o que está acontecendo na economia do Brasil, as noticias principais. Muitos estudantes não lêem, não procuram saber da região onde vivem. Aí acontece que uma noticia está acontecendo e o aluno não está sabendo de nada, daí pergunta – Quando está acontecendo isso? Então o aluno deve estar antenado a tudo. A grande preocupação é se o aluno está atento a tudo que acontece. Que eles busquem cada vez mais, por que a faculdade oferece uma faculdade boa, mostra como fazer e conduzir uma entrevista, todas as técnicas, mas a prática depende de cada um, saber tirar da fonte aquilo que você quer, com ‘jeitinho’, sem ser grosso com ela. Você saber como abordar uma pessoa num assunto mais difícil. Então isso a faculdade não te dá, e você tem que buscar e o conhecimento é que dá base pra isso, para que não coloquemos noticias constrangedoras no ar.

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Entrevista

Entrevista com Sidney Barbosa, jornalista da Rádio Cacique-Jovem Pan /Taubaté

O rádio sem dúvida continua sendo o veiculo mais ouvido, mais utilizado em qualquer lugar no mundo seja no deserto, no meio da guerra, sempre vai ter um rádio lá. [Sobre o radio na internet]

Tem muita gente com a barriga encostada atrás da mesa agora, puxando o que interessa pra ele da internet, isso faz com que a profissão de jornalista deixe de ser o que é esperado [Sobre o comodismo de muitos jornalistas com o advento da internet]

Volto a insistir, tenha paciência, calma, tranqüilidade, você vai ouvir assim. “Olha você está se formando em jornalismo, não tem emprego”. Mentira, se você fizer um bom curso, brigar pelos seus direitos, defender suas teses, sair por aí, criar pautas, eu garanto que você vai conseguir um bom emprego. [Aos alunos de jornalismo]


Revista GRUPPEM - O que você achou do tema da palestra?

Sidney Barbosa - A cada dia da profissão a gente tem que se atualizar, apesar de estar a 32 anos de vida no rádio, eu considero a internet uma das principais ferramentas, só que ela tem que ser bem utilizada, principalmente por vocês estudantes, não fique pensado que internet vai resolver tudo vai resolver em partes, o caminho é esse

Revista GRUPPEM - Você tinha dito no inicio da palestra que estava decepcionado com o numero de alunos, mas no que você espera ter contribuído para os alunos?

Sidney Barbosa - Eu até peço desculpas, a gente fala coisa que não deve, eu não tenho nada a ver com isso, cada um é responsável pelos seus atos. Mas eu entrei aqui na faculdade com 45 anos, não sei por que, mas a turma em que eu caí era mais interessada, a gente tinha interesse em participar. Não é o só o caso da palestra da Comunicação em relação o rádio na internet, pode ter sido pelo dia, um sábado, a moçada chega cansada da balada, enfim, deve haver mais participação nas atividades extracurriculares, que é o caso de palestras e debates.

Revista GRUPPEM - Com o advento da internet, você acha que o ouvinte da radio migrou para a internet e o rádio deixou de ter o poder que ele tinha?

Sidney Barbosa - Não, de jeito nenhum. O rádio sem duvida continua sendo o veiculo mais ouvido, mais utilizado em qualquer lugar no mundo seja no deserto, no meio da guerra, sempre vai ter um rádio lá. E a internet possibilitou mais ainda o seu acesso em relação ao rádio normal, mas acho que todas as rádios daqui um tempo vão estar interligadas, ainda mais com o rádio no celular isso vai ser mais explorado.

Revista GRUPPEM - O jornalista de acomodou com a elaboração de pauta com o advento da internet?

Sidney Barbosa - Ah claro, claro! Tem muita gente com a barriga encostada atrás da mesa agora, puxando o que interessa pra ele da internet, isso faz com que a profissão de jornalista deixe de ser o que é esperado. Só se faz um bom jornalismo, uma boa reportagem, no local dos fatos, e o rádio pelo eu imediatismo, ele fala através do celular, do orelhão, do Nextel e do próprio rádio.

Revista GRUPPEM - Você acha que a formação acadêmica prepara o estudante para usar a internet como fonte?

Sidney Barbosa - Eu acho que sim, em alguns momentos somos obrigados a contradizer, o jovem usa hoje a internet como se tomasse uma Coca – Cola, um refrigerante, você tem que utilizar essa ferramenta de forma boa, claro que se você receber uma informação da internet, que pode ser uma pauta boa e adaptá-la para a linguagem do radio, a linguagem do impresso, a linguagem da televisão, sem problema ela pode ser usada

Revista GRUPPEM - A falta de ética no jornalismo aumentou com o advento na internet?

Sidney Barbosa - Ah, jornalista – radialista, sempre foi uma categoria muito desunida é ‘lobo comendo lobo’, falta muita ética, um desrespeito, com o advento da internet isso aumentou, eu não gosto de falar muito de ética, pois, hoje aqui no Brasil pra ser uma pessoa ética é muito... Principalmente no nosso ramo de Comunicação.

Revista GRUPPEM - O jornalista Claudio Nicolini falou que se tivesse dinheiro, faria um blog de noticias. Atualmente o Vnews é o único blog de noticias aqui, você acha que seria possível os veículos do Vale se unissem para criar um blog de noticias?

Sidney Barbosa - Ah, eu acho impossível, concorrência, problemas empresariais o patrão não fala com o patrão de outra emissora. Mas se o Nicolini quiser montar esse blog ele consegue, foi colocado no inicio da palestra que é um investimento alto, mas é um investimento que vai dar retorno.

Revista GRUPPEM - O que você espera e deseja para os alunos do curso de jornalismo?

Sidney Barbosa - Olha, a cada vez que eu venho ao Departamento, eu aprendo mais, eu cheguei aqui com 45 anos, foi muito difícil, meus filhos, minha esposa era contra, eu não aceitava ter que vir para buscar a formação, não tive incentivo, não tive apoio. A gente brincou na palestra sobre os dinossauros, e eu ouvia muito isso. “Ah, você vai ser o mesmo dinossauro, vai lá e não vai aprender nada.” E eu quero dizer a todos os nossos colegas futuros jornalistas tem que estudar com muita perseverança, com muita força de vontade. Tem hora que dá vontade de jogar tudo pra cima, de ir embora, mas quando você cai na real, você vê que vale a pena, hoje nenhuma emissora de rádio está admitindo um locutor que não seja jornalista, é o caso da emissora onde eu trabalho. Lá não aceita profissionais que não sejam jornalistas. Então o caminho é esse, e parabéns pela iniciativa do trabalho de vocês. Volto a insistir, tenham paciência, calma, tranqüilidade, você vai ouvir assim. “Olha você está se formando em jornalismo, não tem emprego”. Mentira, se você fizer um bom curso, brigar pelos seus direitos, defender suas teses, sair por aí, criar pautas, eu garanto que você vai conseguir um bom emprego.

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Entrevista

Entrevista com José Caetano, editor chefe do Portal online Zenit

A internet é um meio de comunicação novo, tem que ser investigado [...]. Eu espero ter passado para os alunos que o ramo do jornalismo e da comunicação em sim, é muito amplo. [Sobre o tema da palestra]

[...]tudo que se fala de internet é profetismo, um exercício de futurologia [...]Eu acredito que só no fato da Unitau ter uma matéria no currículo que é o Jornalismo online o jornalismo web, então já está preparando pra isso. [Sobre a formação acadêmica]

[...]às vezes não precisa sair da mesa e você consegue informações suficientes, claro, pífias, mas se for pra publicar algo você tem [Sobre o comodismo dealguns jornalistas]

Então eu acredito que o radio vai existir por muito tempo, por que a internet não faz parte da realidade brasileira. [Sobre a migração do ouvinte de rádio para a internet]

A idéia existe, a idéia é boa, a idéia é fantástica! Eu vejo que os alunos da Universidade poderiam criar um blog muito respeitado, com noticias se eles correrem atrás, se quiserem fazer algo bom [Sobre a criação do blog de notícias]

Jornalismo hoje é para nós que estudamos, continue estudando muito, lendo muito. E que tenham um alicerce, não dá pra começar do meio do nada, pegar um microfone e sair falando, tem que estudar. [Para os alunos de Jornalismo]


Revista GRUPPEM - O que você achou do tema da palestra?

José Caetano - O tema da palestra da conversação na verdade foi que o debate é muito interessante, é atual. Tem que ser aberto essa discussão em relação a rádios na internet. A internet é um meio de comunicação novo, tem que ser investigado. Então já estava mais que na hora de ter um debate sobre essa ligação de rádio com internet.

Revista GRUPPEM - A partir dessa confirmação, o que você espera ter agregado para os alunos, apesar do pouco numero de alunos na palestra?

José Caetano - Foi boa a presença dos alunos de primeiro ano inclusive, por que já começam a faculdade com uma outra visão. Eu espero ter passado para os alunos que o ramo do jornalismo e da comunicação em sim, é muito amplo. E a gente tem esse campo novo da internet pra estudar, pra fazer algo diferente, fazer algo novo e não ficar apenas nos blogs e nos podcast, mas fazer algo. Eu espero que eu tenha deixado isso.

Revista GRUPPEM - Então você acha que a formação acadêmica está preparando o estudante para usar a internet como fonte?

José Caetano - Olha, essa é uma pergunta interessante, não dá pra saber. Como também não dá pra saber o que a internet nos espera. Como eu já tinha dito, durante a mesa redonda, tudo que se fala de internet é profetismo, um exercício de futurologia. Eu acredito também que as faculdades tenham iniciado a preparar o aluno, por que ninguém sabe o que vai ser da internet no futuro. Eu acredito que só no fato da Unitau ter uma matéria no currículo que é o Jornalismo online o jornalismo web, então já está preparando pra isso.

Revista GRUPPEM - Então por causa do advento da internet, o jornalista se acomodou na elaboração de pauta?

José Caetano - Esse fenômeno existe, os jornalistas estão mais sentados. Eu não diria que acomodaram-se na realização pauta mas acomodaram-se na investigação em si. Hoje é muito mais fácil você pela manhã ver o que está circulando nos sites noticiosos ou portais e então pautar o seu dia de matéria, e às vezes não precisa sair da mesa e você consegue informações suficientes, claro, pífias, mas se for pra publicar algo você tem. Contudo o jornalista é o cara que está investigando mesmo, mas é verdade, a internet veio pra dar uma ‘preguicite aguda’ em alguns jornalistas.

Revista GRUPPEM - Os ouvintes de rádio migraram para a internet e fez com que o radio fosse desvalorizado, ou você não concorda com isso?

José Caetano - Não eu não concordo com isso, o rádio continua sendo muito valorizado, aqui no interior talvez nem tanto, mas se você está nos grandes centros e voce passa mais de três horas por da no transito, o rádio é a sua única companhia em termos de comunicação ali. Eu mesmo já tive a experiência de morar e trabalhar em São Paulo. E eu era fiel a uma rádio todos os dias, no horário do rush, tinha um programa que era muito bom, era 15 FM bem interessante com noticia, entrevistas. Então eu acredito que o radio vai existir por muito tempo, por que a internet não faz parte da realidade brasileira. O Brasil é o país com mais horas navegadas na internet, onde as pessoas ficam mais tempo navegando, mas numa realidade que mais de 200 milhões de pessoas, 80 milhões tem acesso a isso. Então é muito pequeno e o rádio todo mundo tem.

Revista GRUPPEM - O jonalista Claudio Nicolini havia afirmado na palestra que se ele tivesse dinheiro para criar um blog de noticias ele criaria. Você acha que seria possível as mídias do Vale se unissem pra criar esse blog?

José Caetano - A idéia existe, a idéia é boa, a idéia é fantástica! Eu vejo que os alunos da Universidade poderiam criar um blog muito respeitado, com noticias se eles correrem atrás, se quiserem fazer algo bom. Em relação aos grupos de mídia, eu acho um pouco difícil de acontecer, na realidade o que eu existe é certa concorrência, que foi falado muito bem na mesa redonda, existe uma concorrência com os repórteres do meio. Se fosse unir essa galera pra fazer um resumo de noticias é complicado. Contudo alguém pode fazer, existe essa possibilidade e eu vejo que ela é interessante.

Revista GRUPPEM - A ética no jornalismo diminuiu com o advento da internet?

José Caetano - Na verdade, não que a ética tenha diminuído. Falando em ética no jornalismo no Brasil isso é muito recente. Temos apenas 200 anos de imprensa e pouquíssimos anos de cursos jornalismo oficialmente estabelecidos. Então o jornalismo foi exercido durante anos por pessoas que não eram jornalistas oficialmente de formação, ás vezes até bons jornalistas. A questão de ética eu creio que ela tenha iniciado mais nos meios acadêmicos. Agora a internet é um novo meio para se quebrar as regras, como tudo que existe por aí, existe meios de se quebrar as regras, mas o respeito pela ética não depende da criação de novos meios. Eu acho que aqueles que sempre quebraram as leis éticas sempre vão continuar quebrando, agora cabe aos novos que façam o seu trabalho direitinho.

Revista GRUPPEM - Você já exerce a profissão de jornalista, mas agora está buscando a informação, o que é que você deseja e espera tanto pra nossa sala quanto para os alunos que estão se formando em jornalismo?

José Caetano - Eu poderia dizer que eu espero uma preparação para o mercado de trabalho, mas isso é ridículo, cada um vai buscar exercer a profissão no meio r vai aprender muita coisa assim, na raça. Mas eu espero que a faculdade sirva de longo alicerce. Por que nenhum prédio, nenhuma casa é conseguido sem o alicerce. Que seja um alicerce sólido, principalmente na questão ética por que a pessoa sai daqui com capacidade de ser um bom jornalista, sai com um potencial para ser um bom jornalista. Agora se vai ser um bom jornalista ou não, vai depender dos anos de carreira. Mas eu espero que a faculdade nos de pelo menos esse potencial de sermos bons jornalistas. E o fato deu ter começado pelo caminho errado como eu havia dito [na palestra], exerço a profissão pra depois procuro a formação. A formação ela é necessária e não dá pra trabalhar na área sem ter informação teórica mesmo, formação acadêmica sobre jornalismo. Jornalismo hoje é para boas cabeças, para nós que estudamos, continue estudando muito, lendo muito. E que tenham um alicerce, não dá pra começar do meio do nada, pegar um microfone e sair falando, tem que estudar.

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A Legislação para rádios comunitárias

Com a criação da lei que autoriza a prestação de serviços de rádio comunitária em 1998, tornou-se necessário entender como funcionam essas emissoras de caráter diferenciado

Entrevista

Entrevista com Cláudio Nicolini, editor chefe da Rede Bandeirantes Vale do Paraíba

[…] a internet não veio para acabar com o rádio, isso tem que ficar muito claro.
[Sobre a importância do tema]

É preciso investir alguns mil reais em mídia de internet, por que hoje tem site que tem dez mil acessos no dia que tem uma audiência maior do que um monte de rádio que

eu conheço e que cobra muito mais caro do que aquele site pra anunciar, isso é uma questão cultural. [Sobre a criação de um blog de noticias]

Independente de internet, ética você tem ou não.
[Sobre a falta de ética no jornalismo]

[...] o que eu vejo são novas disciplinas ligadas à internet, a única coisa que eu acho é que tem que ensinar a ética do jornalismo que vale pra qualquer um dos veículos, a ética é uma só. [Sobre a formação acadêmica]

E que essa geração venha sempre com ética, mantendo a credibilidade que a nossa profissão exige, por que um dia que o jornalismo perder a credibilidade, um abraço. [Mensagem aos alunos de jornalismo]


Revista GRUPPEM - Qual a importância do tema da palestra pra você?

Cláudio Nicolini - Eu acho importantíssimo. A internet é um instrumento novo que está cada vez mais popular. Ela está muito ligada ao rádio. E hoje a maioria das emissoras tem disponibilizado seu áudio que expande fronteirais. E isso é muito legal.

Revista GRUPPEM - No que você espera ter contribuído para os alunos, apesar do pouco número de alunos aqui presentes?

Cláudio Nicolini - Um número pequeno, mas atento, isso que eu acho mais importante. Eu acho que é importante afomentar a idéia do trabalho de parceria com a internet. E saber que a internet não veio para acabar com o radio, isso tem que ficar muito claro.

Revista GRUPPEM - Após o advento da internet, você acha que os ouvintes de rádio diminuíram, ou todos passaram para a internet, ou se frustraram com a internet e voltaram para o radio?

Cláudio Nicolini - Eu acho que ouvinte de rádio é ouvinte de rádio é ouvinte de rádio, seja no banheiro, no quarto, pra escutar o futebol de domingo a tarde, é possível ouvir radio pela internet, e acabou ganhando ouvintes que só ficam na internet. É natural perder alguns ouvintes, mas o bolo, o meio do rádio não, esse só tem crescido.

Revista GRUPPEM - Você falou que o Vnews é o único blog de notícias aqui, você acha que seria possível os veículos do Vale se unissem para criar um blog de noticias?

Cláudio Nicolini - Eu cheguei a comentar que se eu tivesse dinheiro eu criaria um blog de notícias, é preciso de patrocínio pra sustentar. O Vale tem tudo pra isso é preciso ter investidos, por que o difícil é você manter. Pois se você quer fazer uma coisa séria, com jornalistas e profissionais trabalhando, isso custa. O problema é cultural das empresas investirem, correr atrás de patrocínio pra sustentar tudo isso. É preciso investir alguns mil reais em mídia de internet, por que hoje tem site que tem dez mil acessos no dia que tem uma audiência maior do que um monte de rádio que eu conheço e que cobra muito mais caro do que aquele site pra anunciar, isso é uma questão cultural.

Revista GRUPPEM - A falta de ética no jornalismo aumentou com a internet?

Cláudio Nicolini - Eu acho que não, ética você tem ou não tem, e isso também ocorre na internet, isso não fez tanta diferença.

Revista GRUPPEM - Você acha que a formação acadêmica prepara o estudante para usar a internet como fonte?

Cláudio Nicolini - Eu não sou do tempo da internet na faculdade, numa visão dos alunos, o que eu vejo são novas disciplinas ligadas à internet, a única coisa que eu acho é que tem que ensinar a ética do jornalismo que vale pra qualquer um dos veículos, a ética é uma só. Tem que ensinar para o aluno que a sua fonte não é só o Google, essa é uma ferramenta importantíssima e fantástica, mas é preciso o jornalista ir pra rua e buscar as suas fontes, buscar o contato com as pessoas, se não você vai morrer na praia.

Revista GRUPPEM - Então o jornalista se acomodou com o avento da internet?

Cláudio Nicolini - Alguns sim, mas não todos, tem muita gente aí batendo perna, por isso que está tendo sucesso. Depois você pergunta – Por que ele conseguiu? Por que ele é de olho azul? Não, por que ele já tinha ido lá conhecer e conversar com a fonte. E na hora de dar a entrevista, ligou pra quem? Para o cara que foi conversar com ele antes e não com o que persquisou tudo na internet.

Revista GRUPPEM - Pra finalizar, o que você deseja e espera dos alunos que estão se formando?

Cláudio Nicolini - Eu espero que ele a geração deles seja tão boa quanto a minha, o jornalismo é evolutivo e quando a gente brincou sobre os dinossauros é um modo carinhoso de falar com as pessoas mais antigas. O modo de fazer rádio de fazer jornalismo, mudou, está mudando. E que essa geração venha sempre com ética, mantendo a credibilidade que a nossa profissão exige, por que um dia que o jornalismo perder a credibilidade, um abraço.

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Nessa Edição

A terceira edição da Revista GRUPPEM propõe discutir o papel das rádios comunitárias existentes em nossa região. Mais que isso promover o debate sobre a atuação dessas emissoras dentro da sociedade.

Uma rádio comunitária de acordo com a legislação tem por objetivo criar um canal de comunicação de uma comunidade para com ela mesma. Uma oportunidade para que os moradores possam encontrar caminhos para a resolução dos problemas existentes em um bairro. Mas será que essas rádios conseguem criar esse vinculo com os moradores?

Muitas sobrevivem de favores, pessoas voluntárias que por vezes não conseguem colocar na prática a real característica das rádios comunitárias. Será um desinteresse da própria comunidade?

A programação das rádios comunitárias, em boa parte, se assemelha ao das rádios comerciais, tanto na forma como no conteúdo. Profissionais de rádio que atuam na programação diminuiriam a participação da comunidade local onde a emissora está instalada?

Portanto a nossa proposta é debater essas relações das emissoras com a comunidade e até que ponto inibe ou potencializa a participação dos moradores.

“Rádios comunitárias: um exercício de cidadania” é o tema discutido na nessa edição da Revista GRUPPEM. Esperamos sua participação para trocarmos experiências e socializarmos o conhecimento.
Equipe GRUPPEM

Pesquisas sobre rádios comunitárias

Pesquisas sobre rádios comunitárias
A ATUAÇÃO DAS RÁDIOS COMUNITÁRIAS NA REGIÃO
Hoje em dia, o número de rádios comunitárias tem crescido em todo Brasil. Paralelo a isso, o número de rádios não autorizadas também vem crescendo no cenário nacional, quer por dificuldades de conseguir concessão ou por má fé. Este trabalho pretende realizar um levantamento das emissoras comunitárias da região do Vale do Paraíba. Pretendemos gerar um mapa das emissoras legalizadas e não legalizadas da região, há quanto tempo estão no ar e a quais comunidades estão ligadas. Avaliar tempo de concessão e programação. Determinar as relações sócio-políticas da emissora com a comunidade. Determinar a relação da comunidade com a emissora. Este projeto pretende gerar um artigo crítico sobre os objetivos comunitários dos programas das emissoras, um “manual” de como realizar programas comunitários e um “manual” de como promover a participação efetiva da comunidade na programação de uma rádio comunitária.



Hoje, a programação das rádios comunitárias se assemelha ao das rádios comerciais, tanto na forma como no conteúdo. Este projeto tem como objeto de pesquisa as emissoras comunitárias da região de Taubaté, Pindamonhangaba, Santo Antonio do Pinhal e Roseira. Pretendemos avaliar as relações sócio-políticas das emissoras com a comunidade, a grade da programação e seu viés comunitário, considerando se elas se comportam como rádios comunitárias ou como emissoras comerciais de segunda categoria. Avaliaremos também, a participação de profissionais de rádio nos programas e seu envolvimento efetivo com a comunidade. Não há intenção, neste trabalho, de criticar gêneros e formatos de programa. O objetivo é verificar se uma suposta tentativa de “profissionalização”, que busca oferecer uma estética mais próxima às rádios comerciais, inibe a efetiva participação da comunidade, limitando a liberdade de atuação.

Entrevista

Em Taubaté, há sete anos a Rádio Comunitária Liberdade FM opera na sintonia 104,9 Mhz com o aval do Ministério das Comunicações. Uma rádio comunitária tem por objetivo atender as necessidades da comunidade onde ela foi instalada. É um canal de comunicação para que os moradores possam discutir, debater e procurar soluções para os próprios problemas. Muitas emissoras comunitárias passam por dificuldades financeiras, a Liberdade FM não foge à regra. Longe do bolo publicitário e da briga por audiência a rádio sobrevive de trabalhos voluntários para preencher sua grade de programação. Por vezes, alguns desses voluntários não são da comunidade local e deixam em segundo plano a missão da emissora em oferecer ao bairro do Alto de São Pedro a oportunidade de debater seus reais problemas. Seu Gilberto Rodrigues da Silva, diretor da entidade mantenedora da emissora, nos conta nessa entrevista, como funciona, quais as dificuldades e como a rádio Liberdade FM trabalha a questão dos serviços prestados à comunidade local.

Carlos Henrique dos Santos Júnior

Como foi fundada a rádio comunitária ‘Liberdade’, de Taubaté?


Qual a infra-estrutura da rádio?

Qual o vínculo das pessoas que participam da produção dos programas com a rádio?


Como é constituída programação da ‘Rádio Liberdade’?

A comunidade participa ativamente da produção dos programas rádio?


Qual o público-alvo dos programas produzidos pela ‘Rádio Liberdade’?


Quais dificuldades a emissora enfrenta para se manter no ar?


Como essas adversidades são enfrentadas?

Como a comunidade auxilia a rádio?


Qual a importância da divulgação das rádios comunitárias?

Notícias


3º encontro de rádio
Matéria Especial

Rádios comunitárias: o que são e para quem são

O rádio foi o primeiro veículo de comunicação de amplo alcance. Diferente do jornal, que demorava no mínimo 24 horas para chegar até o leitor, a radiodifusão possibilitava ao ouvinte ser informado rapidamente.

Rádios comunitárias: um exercício de cidadania

A terceira edição da Revista GRUPPEM propõe discutir o papel das rádios comunitárias existentes em nossa região. Mais que isso promover o debate sobre a atuação dessas emissoras dentro da sociedade.
Uma rádio comunitária de acordo com a legislação tem por objetivo criar um canal de comunicação de uma comunidade para com ela mesma. Uma oportunidade para que os moradores possam encontrar caminhos para a resolução dos problemas existentes em um bairro. Mas será que essas rádios conseguem criar esse vinculo com os moradores? Muitas sobrevivem de favores, pessoas voluntárias que por vezes não conseguem colocar na prática a real característica das rádios comunitárias. Será um desinteresse da própria comunidade? A programação das rádios comunitárias, em boa parte, se assemelha ao das rádios comerciais, tanto na forma como no conteúdo. Profissionais de rádio que atuam na programação diminuiriam a participação da comunidade local onde a emissora está instalada? Portanto a nossa proposta é debater essas relações das emissoras com a comunidade e até que ponto inibe ou potencializa a participação dos moradores. “Rádios comunitárias: um exercício de cidadania” é o tema discutido na nessa edição da Revista GRUPPEM. Esperamos sua participação para trocarmos experiências e socializarmos o conhecimento.
Equipe GRUPPEM

Rádios comunitárias: o que são e para quem são
Matéria

A Legislação para rádios comunitárias
Matéria

Seu Gilberto Rodrigues da Silva - Rádio Comunitária Liberdade
Entrevistado

Entrevista Seu Gilberto Rodrigues da Silva
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