A adoção de um sistema digital para transmissão das rádios brasileiras causa polêmica e preocupa pequenas emissoras comerciais e rádios comunitárias
O Brasil ainda não decidiu qual modelo de rádio digital será adotado pelo país. A mudança para o formato digital irá melhorar a qualidade sonora, acabará com as interferências e possibilitará o envio de informações por outras mídias, além de permitir que as emissoras operem com transmissores por satélite ou a cabo com cobertura nacional ou local.
Até setembro, o governo deverá escolher entre os modelos Eureka 147 DAB, de origem européia, que transmite seis emissoras em um mesmo transmissor e em uma mesma frequência; IBOC, sistema norte-americano, que permite a transmissão simultânea de canais analógicos e digitais; e ISDB- Tn, sistema japonês, que armazena vários canais em uma mesma frequência.
Os testes realizados pelas 16 emissoras AM e FM que utilizam em caráter de testes o modelo norte-americano ainda não foram concluídos, mas outras 42 emissoras já pediram autorização à Anatel para começar a utilizar o novo sistema. Enquanto os testes com o modelo europeu, que devem ser realizados pela Radiobrás e pela Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília (UnB) ainda não iniciaram.
As rádios comerciais utilizam o argumento do modelo IBOC operar em AM e FM na mesma frequência e mesma banda para dar preferência ao formato norte-americano que exige baixo investimento para aquisição e manutenção das faixas de transmissão. Porém, a implantação de tal sistema pode acarretar o fim de muitas emissoras pequenas, pois passariam a ocupar 400MHz ao invés dos 200 MHz, que ocupam atualmente.
O país que possui sete mil rádios registradas, das quais 2,5 mil são comunitárias, irá lançar uma linha de financiamento para que as emissoras possam migrar da tecnologia analógica para a digital, que segundo o ministro das Comunicações, Hélio Costa, só necessitam de apenas 0,25% da potência de um transmissor de US$ 80 dólares. Padrão que pode inviabilizar também pequenas rádios comerciais.
A hipótese do país adotar mais de um tipo de transmissão de rádio não foi descartada pelo ministro das Comunicações, porque os modelos norte-americano e europeu não atendem a todas as necessidades das rádios brasileiras. O IBOC não faz transmissões em ondas curtas, as únicas que alcançam algumas regiões da Amazônia, enquanto o Eureka 147 DAB não contempla a FM.
Para captar a programação de transmissões digitais os ouvintes terão que adiquirir um aparelho de rádio com características específicas para receber o novo formato de sinal. O aparelho deve custar inicialmente entre R$ 100 e R$ 200 reais.
Para captar a programação de transmissões digitais os ouvintes terão que adiquirir um aparelho de rádio com características específicas para receber o novo formato de sinal. O aparelho deve custar inicialmente entre R$ 100 e R$ 200 reais.
Carolina Ochoa
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