domingo, 6 de setembro de 2009

Entrevista


Em entrevista a Revista GRUPPEM o Mestre em Ciência da Informação profº Walter Moreira, coordenador do Setor de Publicações das Faculdades Integradas Teresa D'Ávila de Lorena-SP fala sobre a utilização da Biblioteca nas Nuvens.


GRUPPEM: O que muda na pesquisa científica com a utilização da Internet como fonte?
PROFº WALTER: Na verdade não utilizamos a internet como fonte, mas como meio, do mesmo modo como a biblioteca não é fonte. Neste sentido, o que muda, radicalmente, é a facilidade de acesso. Evidentemente as bibliotecas, os arquivos, os museus e outras unidades de informação desempenham, e continuarão a fazê-lo por muito tempo, papel (sem trocadilho) importantíssimo na construção do conhecimento. Não precisamos de estatísticas para verificarmos que a relação entre o número de bibliotecas públicas e/ou escolares e o número de habitantes no Brasil ainda está longe de ser a ideal e que a qualidade dos acervos nestas bibliotecas nem sempre é boa. Esta realidade alcança, naturalmente, também as bibliotecas universitárias. Com a internet, que também ainda carece de disseminação, as possibilidades de acesso a bibliotecas digitais, repositórios de informação e outros ampliaram de forma considerável a disponibilidade de recursos informacionais.

GRUPPEM: Qual a confiabilidade do material disponível na Internet?
PROFº WALTER: Este é um grande problema. Aprendemos a confiar nos documentos impressos que nos chegam às mãos porque, geralmente, já passaram por processos de avaliação. Os livros e periódicos que compõem o acervo de uma biblioteca, passam pelo crivo de um bibliotecário que conhece a política institucional e que dispõe de meios para julgar a qualidade da obra. O fato mesmo da obra ter sido publicada por uma editora já atesta, nos melhores modelos, sua avaliação e aprovação por um editor. Isso coloca o leitor/pesquisador numa zona de conforto que deixa de existir com a internet. Teoricamente qualquer pessoa pode publicar qualquer conteúdo na internet. Exige-se, então, desse novo leitor/pesquisador, maior autonomia. Exige-se que ele seja capaz de avaliar as fontes eletrônicas de informação.

GRUPPEM: Qual sua opinião sobre a Google mania? Por que o Google ganhou esse status de número 1 nas buscas?
PROFº WALTER: O Google é, sem dúvidas, um mecanismo de buscas fabuloso. Quem acompanhou o desenvolvimento dos mecanismos de busca na internet, sabe perfeitamente o salto, em termos de qualidade, que a ferramenta trouxe. Para sermos reducionistas o sucesso do Google pode ser creditado a dois fatores: a extrema simplicidade de sua interface e ao seu algoritmo de busca. O Google consegue, de certo modo, repetir uma prática que já adotamos como pesquisadores (em qualquer nível) já há muito tempo. Os mecanismos mais antigos organizavam rankings dos resultados por meio de índices de ocorrência, ou seja, o número de repetição de uma dada palavra numa determinada página era considerado indicador de que essa página tratava do assunto com alguma profundidade. Com o Google, a quantidade de links que uma dada página recebe torna-se o indicador mais importante. Neste processo a própria rede se auto-avalia, se pudermos falar assim. Isso é genial e é tão velho quanto a humanidade. Pense em todos os livros que você já leu, boa parte deles foi indicado por alguém, certo? Um professor, um amigo, seus pais, um catálogo etc.. Sendo simplista novamente poderíamos traduzir assim: livro bom = livro com maior quantidade de indicações por pessoas respeitáveis.

GRUPPEM: Que tipo de competência é necessária para o pesquisador usar a Internet com eficiência e credibilidade?
PROFº WALTER: O pesquisador deve ser ensinado, já nos bancos escolares, a adquirir e exercitar sua competência informacional. Em outras palavras, é preciso dotar o estudante de competência para identificar uma necessidade de informação, ser capaz de localizá-la, avaliá-la e usá-la, de forma efetiva.

GRUPPEM: Quais os sites mais importantes para a pesquisa científica?
PROFº WALTER: É muito difícil fazer uma lista, pois isso vai depender do indivíduo, da sua necessidade de informação e da área na qual pesquisa. Recomendo, contudo, atenção especial aos sites de bibliotecas digitais de teses e dissertações (BDTDs) publicados pelas universidades; o portal de periódicos da Capes, onde se podem encontrar diversos periódicos científicos, muitos com acesso gratuito ao texto completo; e o projeto Scielo, uma biblioteca eletrônica de periódicos científicos disponibilizados de forma gratuita e eletrônica.

GRUPPEM: Como pesquisador, qual sua opinião sobre as ferramentas de compartilhamento de informação, como Google Docs, ADrive e Humyo?
PROFº WALTER: São ferramentas que facilitam muito a condução de pesquisa quando os pesquisadores não dividem o mesmo espaço geográfico. Evitam o transporte de dados, podem funcionar como dispositivos de backup e, no caso do Google Docs, facilitam o fluxo de comunicação no processo de construção coletiva de textos.